A cotação do dólar subiu 0,50% nesta segunda-feira (25) e fechou a
R$ 4,2150, novo recorde nominal desde a criação do Plano Real. O
recorde anterior era da segunda passada (18), quando a moeda foi a R$
4,2070 e superou a marca anterior de R$ 4,1970 no período eleitoral de
2018. Em termos reais, corrigidos pela inflação, o maior valor do dólar é
de 2002.
Dentre emergentes, o real foi a terceira moeda que mais se
desvalorizou na sessão, atrás apenas da lira turca e do florim húngaro. A
Bolsa brasileira fechou em queda, com recuo de 0,25%, a 108.423 pontos.
No exterior, o viés foi positivo para as principais Bolsas globais.
Nesta segunda (23), o Global Times, tabloide comandado pelo oficial
People’s Daily, do Partido Comunista chinês, afirmou que China e Estados
Unidos estão muito próximos da “fase um” de um acordo comercial.
O veículo acrescentou que a China também permanece comprometida em
continuar as negociações para a fase dois e mesmo a fase três de um
acordo com os EUA, citando especialistas próximos do governo chinês.
No entanto, o otimismo comercial foi ofuscado no Brasil pelo anúncio
de déficit em transações correntes de US$ 7,9 bilhões (R$ 33,3 bilhões)
em outubro, pior resultado para o mês desde 2014. Somando os últimos 12
meses, há um saldo negativo equivalente a 3% do PIB (Produto Interno
Bruto).
O dado veio pior que a expectativa de analistas consultados pela
Reuters, de rombo de US$ 5,475 bilhões. No mês, os investimentos diretos
no país somaram US$ 6,8 bilhões, também abaixo da projeção de analistas
de US$ 7,5 bilhões.
Mesmo com o dólar em torno de recordes históricos, o Banco Central não pretende intervir diretamente no câmbio.
Nesta segunda, a autoridade monetária vendeu todos os 15.700
contratos de swap cambial tradicional em rolagem do vencimento janeiro
2020, mas não aceitou propostas em leilão de dólar à vista e de swap
cambial reverso.
A autarquia ainda fez a rolagem integral de US$ 1,5 bilhão em linha
de moeda com compromisso de recompra, volume que até então precisaria
voltar ao BC no começo de dezembro.
Fora o déficit em transações correntes, a balança comercial
brasileira caminha para fechar novembro no vermelho, o que não acontecia
desde novembro de 2014, quando houve déficit de US$ 2,432 bilhões.
Até agora, novembro deste ano tem um saldo negativo de US$ 1,099
bilhão, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia nesta
segunda.
Em nota, o Ministério informou que no acumulado do mês de novembro,
as exportações caíram 38,4% sobre igual etapa do ano passado, com recuo
de dois dígitos em todas as categorias. Já as importações sofreram uma
redução de 14,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Na ponta das exportações, o Brasil tem visto um resultado mais fraco
em meio à desaceleração do crescimento global, a um cenário de tensões
comerciais entre China e Estados Unidos e à crise econômica na
Argentina.
Também nesta segunda, o boletim Focus do Banco Central apontou que o
mercado prevê uma inflação maior este ano. Em relação ao boletim da
semana passada, o IPCA foi de 3,33% para 3,46%.
Analistas do mercado creditam a mudança a alta do dólar. Segundo o
Focus, 2019 deve acabar com o dólar a R$ 4,10, contra os R$ 4 previstos
na semana anterior, antes da cotação ultrapassar os R$ 4,20.