O Procon de Maringá, no norte do Paraná, multou preventivamente a
Sanepar e a Agência Reguladora do Paraná (Agepar) por causa do aumento autorizado de 12,13% na tarifa de água e de esgoto. As multas somam mais de R$ 1,5 milhão.
De acordo com o órgão, caso o reajuste - previsto para 17 de maio -
seja efetivado as multas de R$ 1.031.823,36 para a Sanepar e de R$
477.696,00 para a Agepar serão efetivadas.
O diretor do Procon de Maringá, João Luiz Regiani, afirma que o aumento
autorizado pela Agepar, somado aos reajustes na tarifa de água e esgoto
desde 1994, quando entrou em vigor o plano real, gerou ganho real de
43,24% acima da inflação em favor da Sanepar.
“Os ganhos dos acionistas da empresa, composto na sua maioria por
fundos de investimentos internacionais, passaram de 25% para 50% na
forma de dividendos complementares a partir de 2011”, diz Regiani.
Para justificar a multa, o Procon explica que o lucro líquido da
Sanepar saiu de R$ 135,5 milhões em 2010 para R$ 892 milhões em 2018 -
aumento de 558,6%.
No mesmo período, ainda segundo o órgão, a receita operacional líquida
passou de R$ 1,480 bilhão para R$ 4,162 bilhões. Já os dividendos
distribuídos aos acionistas cresceram mais de 1.000 %, chegando a R$
423,8 milhões, conforme o Procon.
"A empresa trata a água como mercadoria, proporcionando ganhos aos
acionistas em detrimento dos usuários”, justifica o diretor.
Sobre a Agepar, a explicação para a multa está baseada no regimento
interno da agência, que, segundo o diretor, tem a responsabilidade de
fiscalizar os custos dos serviços para proteger os usuários de tarifas
abusivas.
“A agência não vem cumprindo fielmente o regimento, conforme resolução de 2018”, afirma Regiani.
A reportagem entrou em contato com a Agepar e a Sanepar, que informaram que não foram notificadas oficialmente das multas.