O resultado de vendas na indústria do Paraná em abril confirma a
tendência de crescimento do setor projetado pela Federação das Indústrias do
Paraná (Fiep) em janeiro. O valor é 17,31 % maior que o registrado no mesmo mês
no ano passado e o saldo acumulado este ano já é de +7,82%.
Apesar da recuperação lenta, os
dados da pesquisa Indicadores Conjunturais já apontam alta por quatro meses
seguidos. “Cada vez mais setores da economia
estão acumulando resultados positivos e a recuperação vem se expandindo mês a
mês. Devemos manter a expectativa de um primeiro semestre melhor do que tivemos
em 2017”, estima o economista da Fiep, Roberto Zurcher.
O resultado de janeiro a abril
mostra que já são 14 setores com resultados positivos e apenas quatro
negativos. Os que apresentaram maiores aumentos são couros e calçados
(+110,25%)
, edição e impressão (+22,98%) e vestuário (+18,48%). Os gêneros com
maiores quedas são borracha e plásticos (-23,67%), madeira (-17,05%) e material
eletrônico e de comunicações (-6,06%).
Segundo o estudo, as vendas
industriais de abril tiveram 1,11% de crescimento em relação a março. O
aumento, embora pequeno, é atribuído ao desempenho observado em oito dos 18
segmentos pesquisados. Dois dos três gêneros de maior participação na indústria
paranaense apresentaram avanço: refino de petróleo e produção de álcool
(+22,42%), que é uma recuperação sazonal por conta da safra da cana-de-açúcar;
e o automotivo (+0,69%), que teve estabilidade.
Além destes, o campeão de alta em abril foi o
de produtos químicos (+25,23%), por conta da venda de adubos e fertilizantes no
campo nesta época do ano, assim como couros e calçados (+20,28%). Já as maiores
quedas foram em têxteis – fios e tecidos (-16,13%), por causa da produção menor
e da queda nas exportações; móveis e indústrias diversas (-10,52%), menos
vendas no mercado interno; e borracha e plásticos (-9,72%), redução de demanda
e baixa após dois meses de crescimento contínuo. “Alguns segmentos da indústria têm sazonalidade inerente à
atividade, enquanto outros são influenciados por aspectos da economia como
políticas de governo, variação cambial e de juros. Por isso existe revezamento
entre o melhor e o pior desempenho dos setores a cada mês”, explica Zurcher.
Empregos
Outra constatação do economista refere-se à
geração de empregos na indústria. De acordo com os dados, dos 18 setores
avaliados, oito tiveram resultados positivos e 10 negativos em abril. A alta
foi sensível, de +0,19%. As áreas que mais empregaram foram as que mais
venderam, produtos químicos e alcooleira. As maiores quedas foram em
metalúrgica básica (1,37%) por causa da redução da produção; máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (-1,30%); e celulose e papel (-1,10%), em
função da baixa atividade.
No acumulado de janeiro até agora o índice de
pessoas empregadas na indústria do Paraná é de +0,50% de crescimento em relação
ao mesmo período de 2017. Os maiores aumentos acumulados são nos setores de
couros e calçados (+21,42%), veículos automotores (+10,00%) e metalúrgica
básica (+4,20%). Os de maiores quedas são madeira (-12,89%), máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (-6,26%) e borracha e plásticos (-3,97%). “Emprego não reage tão rápido. As empresas só contratam
mais quando têm certeza de que venderão mais e isto não está bem claro ainda.
Outra questão é que no período de crise as empresas investiram mais em
tecnologia e maquinário e a automação reduz o número de vagas significativamente
na indústria”, esclarece.
Compra de insumos
Outra situação que preocupa é a opção pelo
mercado externo em relação à compra de insumos pela indústria do Paraná. Os
quatro primeiros meses de 2018 indicam que continua a alta dependência de
produtos importados. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento
de +26,22% neste quesito. Só em abril, o aumento foi de +9,61 % em relação a
março. “Isso reforça que hoje é necessário importar mais insumos industriais
porque deixamos de produzir aqui componentes e materiais que há 10 anos estavam
disponíveis. Isto é um erro, um ponto de atenção que compromete a
competitividade da indústria paranaense”, alerta.
Para o economista, nos próximos meses, a
pesquisa já deve trazer o impacto da greve dos caminhoneiros nas vendas. “O
resultado é imediato, principalmente nos setores que dependem de transporte
diário, como o de alimentos. Neste ramo, a maioria das empresas atua no
conceito just in time, com estoque reduzido ou mínimo. E com a
paralização prolongada, muitas deixaram de produzir e vender. Todos os setores
foram afetados, uns mais e outros menos, mas a boa notícia é que ainda assim se
espera um primeiro semestre melhor do que o de 2017. Isso já é um avanço”,
concluiu.